Mais um 7 de Setembro que nos chega. Os desfiles dos estudantes nas ruas, o estear da bandeira e os discursos dos prefeitos. Mas será só isso o significado do 7 de Setembro?

Teoricamente celebramos este dia como a Independência da República, o dia em que o Brasil se tornou um país independente, livre da autoridade de Portugal e seus governantes. Passamos a criar a nossa própria história. E que história.

São 197 anos desde o “Grito do Ipiranga”: Independência ou morte! Mas não morremos um pouquinho a cada dia com a quantidade de problemas que vivenciamos? Com as brigas sem fim entre os brasileiros que discordam na política? Com o racismo velado e preconceito enrustido de religiosidade? Não nos perdemos na falta de patriotismo, no jeitinho brasileiro e na mania de tirar vantagem?

Deixamos de ser o Brasil colônia para ser um dos maiores países do mundo.

Somos mais de 209 milhões de habitantes, o quinto maior país do mundo, considerado a nona potência mundial. O país da Amazônia, das maiores diversidades da natureza, uma reserva ecológica mundial, o país das águas.

Somos mais do que pensamos ser, mas muito ainda nos falta, pois também ocupamos o ranking dos países com alto índice de corrupção, criminalidade, falta de educação, o país onde se encontram os melhores hackers do mundo, a inteligência utilizada para o mal.

Precisamos de ética, valores, princípios morais.

Onde está o que aprendemos em “Educação Moral e Cívica”?

Temos uma unanimidade e maioria que idolatra o que é fácil e vantajoso, suportamos a malandragem, o furar-fila, o disfarçar um troco errado, o melindre na hora de falar a verdade. Mais vale uma amizade falsa e um churrasco no fim de semana do que uma relação transparente e tolerante naquilo que me difere.

Devemos lutar pela educação, pelo bom atendimento em hospitais públicos, pela polícia que não se corrompe, por novos e raros políticos que tem boas intenções.

Precisamos amar os nossos filhos, sobrinhos, netos, a nova geração que irá lutar em nosso lugar quando estivermos velhos e cansados. Menos presentes e celulares e mais conversas e esclarecimentos. Menos televisão e mais livros. Mais cultura e menos bebida com músicas sem sentido. Menos sexismo e machismo e mais relacionamentos que acrescentam.

Temos que deixar de ser o país da pizza e do samba para um dia sermos reconhecidos por aquilo que temos de bom. Ainda não somos, mas um dia temos de ser: o país do povo que protege suas florestas, sua água, o povo que briga quando um professor é agredido, pais e filhos que apoiam o aumento de salário dos mestres e protesta quando políticos promovem aumentos salarias a si próprios.

O 7 de Setembro deve ser celebrado como um dia em que se promove o patriotismo, o amor à pátria como deve ser: verdadeiro, esclarecido e com objetivos. Queremos um mundo melhor, um país melhor. E somos responsáveis para que isto aconteça.

O patriotismo começa dentro de casa, quando sou exemplo para o meu filho no que diz respeito à educação, respeito, tolerância e amor ao próximo. Sou exemplo quando conduzo meus atos baseado em ética. Posso reclamar quando ajo de acordo com o que é correto. E assim induzo a geração seguinte a fazer o mesmo.

Temos que parar de acreditar que apenas palavras bonitas irão salvar o mundo que nos cerca. Um bom país não é feito de discurso, de palavras vazias, posts sem fim no Facebook, mas antes de tudo de ações e atitudes corretas, que promovem o bem comum.

Se hoje o 7 de setembro é para você apenas um dia de desfile na praça ou na avenida, lembre-se que para seus filhos um dia poderá ser o mesmo, quando hoje ainda podemos fazer a diferença: falar dos valores que queremos para o futuro, para que um dia o verdadeiro patriotismo seja visível e claro no Brasil.

Que um dia possamos ser não mais o “país das bananas”, mas do povo que sabe a riqueza que tem. E cuida, protege e luta por ela.