Qual é o tamanho do vazio que fica, quando alguém sai de nossas vidas? Como fica o dia-a-dia com a constante ausência daquela pessoa? E a monotonia de um tempo que não passa?
Quando vivi essa situação, de maneira consciente e madura, consegui refletir e aprender com a experiência, diferente de anos atrás.
Acostumada com uma vida certinha e regreda, voltada ao trabalho e aos compromissos diários, uma pessoa chegou, trazendo vida aos momentos comuns: risos, beijos, abraços, novas conversas. Foi uma experiência rápida e boa. Porém, quando a pessoa se foi, ficou a dúvida, de como seria voltar ao ritmo de antes.
Claro que esse nível de consciência e reflexão, de olhar para si mesmo, mediante uma situação, a qual já passei outras vezes com sofrimento, já mostra um diferente nível de maturidade e evolução.
É difícil substituir risos, beijos e abraços por silêncio. A não ser que neste silêncio haja mais paz e tranquilidade do que nos risos. É preciso a certeza e tranquilidade de que tudo na vida é impermanente. Hoje alguém se vai, amanhã ou depois um novo alguém chega. Não que devamos ver as pessoas de maneira descartável, mas quando nossas companhias assim se colocam, mais vale aceitar que elas se vão, seja pelo motivo que for.
Confesso que nos primeiros dias senti saudades, me perguntei de que maneira substituiria aquela presença, ou de que forma enganaria a mim mesma, sobre os minutos que estavam mais longos. Para minha surpresa, uma vídeo conferência sobre literatura preencheu uma de minhas noites. Mas esta opção, eu diria, serve apenas para os amantes da escrita.
Importa saber o que a gente gosta. Quem sou eu? Quais são os princípios e valores que carrego? A troco do que me renderei a saudade de quem se foi e talvez não valha a pena estar aqui? Se antes eu estava bem, por que agora também não devo estar? O que eu gosto de fazer de verdade comigo mesma? Vou lá e faço!
Por mais que se goste de alguém, nada valerá a pena, se esta pessoa não estiver ali de verdade, de corpo, alma e coração. E se isto não acontece, devemos deixar que a tal se vá. Respeitando seu livre-arbítrio.
As reflexões que fiz, logo me permitiram ficar em paz. A saudade me acompanhou alguns dias, passo a passo em minhas caminhadas, na dificuldade de dormir e no tempo, que parecia não passar mais tão depressa e alegre. Mas a certeza de um merecimento maior e mais apropriado me permitiu deixar esse espaço em branco, por ora. Se algo não é bom o bastante, deixemos ir, para que haja lugar para o novo chegar.
E a paz chegou.
Mais vale a solidão de dias tranquilos, do que a companhia de quem fere sem perceber. Ainda que com indiferença ou um amor “meia boca”.
Infelizmente, vivemos uma geração em que muitos homens não amadureceram e se fortaleceram à altura das mulheres que estão aí. E assim, muitas de nós decidem pela companhia apenas de si mesmas.
Qualquer vazio e qualquer monotonia se completam com a certeza e amor por ser quem se é.
Autoestima de verdade, muito além do espelho, mas nos reflexos da alma.