Cansada da loucura e mistura em que vivemos, sou, infelizmente, uma das primeiras a me pegar em reclamação ou descontentamento com os dias de hoje. Ao mesmo tempo, em que percebo a dura realidade em que vivemos, também me dou conta de uma bela evolução em meio a todo esse caos.
Outro dia, ministrando um curso de produção de textos, dei três temas aos alunos com a seguinte orientação: “Seja honesto (a), não escreva sobre algo em que você não acredita! ”. E os temas foram: homofobia; machismo e legalização da maconha. Seguindo as minhas instruções, acrescentei: “nos dias de hoje, não se aceita mais homofobia ou machismo, portanto, se você se sente assim de alguma maneira, escolha o último tema”.
É gratificante perceber, que mesmo em meio a muitos protestos, intolerância e polêmicas, nossa sociedade está caminhando a duros passos para uma sociedade que inclui. Claro que isto ainda não é unânime e nem sei se um dia será, mas a cada dia que passa, felizmente, alguns temas estão sendo rejeitados pela sociedade, como: racismo, homofobia, machismo, intolerância religiosa, bulling, e tantos outros, que levam à exclusão.
Recentemente escrevi um livro infantil, ainda não publicado, que fala de uma criança com duas mães, ao invés de um pai e uma mãe. Senti orgulho de escrever algo nesta direção. Assim como sinto orgulho de um programa de televisão, que finalmente incluiu uma pessoa anã em sua trama, para chamar atenção ao tema.
Vivemos num mundo de pessoas misturadas. Somos ao mesmo tempo diferentes em vários aspectos, mas iguais em muitos outros. Podemos ter cores diferentes, nacionalidades, aparência, gostos, costumes, sotaques, culturas, religião e tanto mais. Porém, somos os mesmos na dor, na compaixão que une o ser humano, seja em que situação for. Somos igualmente frágeis, iguais se perdemos nossos filhos, nossos pais ou o grande amor de nossas vidas. Quando adoecemos. E ainda no leito de morte.
Ser diferente na cor, na altura ou peso, ser seguidor de uma determinada fé ou ainda portador de uma síndrome ou doença deve ser apenas a característica de alguém, mas nunca motivo de exclusão. Excluir deve ser algo a permanecer no passado. Se nossos antepassados assim o fizeram, somos mais evoluídos e maduros como sociedade e seres humanos para enxergar um mundo melhor para nossos filhos.
Ao mesmo tempo em que vemos a internet sendo usada de forma indiscriminada, em algumas situações, fica clara a direção em que a maioria de nós está indo, vide caso da menina Titi (filha de Bruno Gagliasso e Giovana Ewbank), que agredida virtualmente por uma pessoa menos evoluída, pôde se ver intensamente apoiada por milhares, pelo mesmo meio de onde veio a agressão.
Não acho fácil viver o dia-a-dia, diariamente conviver ou encontrar com tantas pessoas que diferem daquilo em que acredito, mas gosto da consciência que isso me traz, de que tudo e todos chegam em minha vida, para a minha própria evolução e resiliência. E se eu evoluo, os que estão a minha volta também.
É no caos e na dor que se cresce, e não na zona de conforto.
O caos é necessário.
E sempre ponto de partida para um lugar melhor.